A dualidade de ser pardo em um país dividido

Caminho da Artenticidade #019

Já se pegou pensando no peso que carrega sem nem saber de onde vem?

Já teve aquela sensação de estar entre dois lados, carregando algo que parece ser maior que você?

Pra quem é pardo, como eu, esse "peso" vem forte e aparece na forma de rótulos que tentam nos encaixar ora como “branco”, ora como “preto”.

Campinas, onde cresci, foi a última cidade do Brasil a abolir a escravidão, e o eco desse passado ainda vive nas ruas, nos olhares, nos gestos.

Racismo aqui é quase uma sombra: às vezes disfarçado, às vezes tão direto que machuca sem dó.

Como recentemente vi um vídeo de um MC preto sendo abordado de forma grosseira por policiais no centro de Campinas só para mandar que ele colocasse a camisa.

Logo após os policiais mandaram ele sair dali. Ele discordou, pois tem o direito de ir e vir e o policial lança "então você vai ser preso por desacato".

É de um absurdo tão grande, mas muito presente, infelizmente.

Sou descendente de quem oprimia e de quem foi oprimido, uma mistura que é minha herança.

Muitos daqueles que vieram antes de mim não tiveram a chance de escolher.

As vozes deles, que ecoam em mim, não puderam ocupar os espaços que ocupo hoje, viver a liberdade que hoje busco.

Minha caminhada é, no fundo, um tributo a eles e a uma nova forma de ser e existir.

Afinal, ser quem somos, sem culpa nem vergonha, é uma forma de liberdade que honra toda essa história e é o maior estado de consciência que podemos ter: Autenticidade.

Hoje sei que tenho meu espaço e não me encaixo nesse achismo.

Eu não sou preto, nem sou branco, eu sou pardo e desprezo por pardos também é racismo.

Entre Campinas e Rios de Sangue

Dia 21 vai rolar o lançamento do curta-poético “Entre Campinas e Rios de Sangue”, um projeto que fiz com a maravilhosa Viviane de Paula (@pretapoesia).

Esse trabalho fala justamente sobre essa herança e essa dualidade, sobre as vozes que compõem quem somos e nossa identidade.

No dia 14, vamos fazer uma live com a pesquisadora Beatriz Bueno (@parditude), que foi uma inspiração no processo e que trouxe insights incríveis sobre o que é ser pardo no Brasil.

Vai ser um papo intenso e profundo, uma chance de compartilhar e refletir sobre tudo que inspirou esse curta.

De Tudo um Pouco

Esse livro é essencial para entender como as vozes marginalizadas precisam ser ouvidas e como o lugar de fala de cada um é formado pelas vivências que nos atravessam.

Muitas vezes, pessoas brancas ou pretas tentam me dizer quem eu sou racialmente, mas tenho meu lugar de fala, pois sou pardo e sei bem o que é ter essa vivência mestiça.

Essa música é parte da minha trilha sonora pessoal; a força da Drik em suas letras é uma verdadeira homenagem ao que herdamos, mas também ao que estamos construindo. Esse álbum dela sempre me inspira e me reconecta com minha história e meu propósito na arte.

Não esquece, dia 14/11 tem live com @pretapoesia e @parditude pra gente conversar sobre ancestralidade, identidade e o lançamento do curta.

Como posso te ajudar?

Além de artista, sou mentor de projetos artísticos.

Se você tem um propósito, uma mensagem que quer levar pro mundo ou quer aprender a estruturar seu projeto com autenticidade, é exatamente pra isso que criei a Mentoria de Projetos Artênticos.

Nela, a gente alinha seus sonhos com um planejamento sólido e um propósito claro, pra você caminhar mais firme na sua trajetória, seja artística ou pessoal.

Vamos construir essa caminhada juntos?

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