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Por que o Hip-Hop é Mais que Música
Caminho da Artenticidade - Edição #010
Hip-Hop tatuado na pele e na alma
Eu tinha 13 anos quando comecei a fazer rap, em 2015.
Mas foi em 2014 que comecei a curtir o som, influenciado pelos meus amigos.
Me apaixonei pelas batidas, pelo flow, e pela profundidade das letras de Sabotage, Racionais, Haikaiss, Zero Real Marginal, Rappin Hood, Costa Gold, Quinto Andar, Shawlin, Criolo e muitos outros.
Me lembro claramente de andar de fone o dia inteiro, ouvindo esses raps nacionais e internacionais, absorvendo toda a sabedoria das músicas.
Antes, eu não ouvia rap por causa do preconceito que minha família tinha. Mas, ao começar a escutar essas músicas, comecei a me politizar e a entender melhor como a sociedade funciona.
Foi uma luta em casa para que aceitassem que eu fazia e ouvia rap, mas hoje eles me apoiam incondicionalmente, e sou muito grato por isso.
O começo de tudo
Na minha escola, todo ano rolava o "Festival Estudantil de Música (FEM)".
Em 2015, um professor me incentivou a participar, dizendo que se eu ganhasse, teria uma apresentação na Estação Cultura (centro cultural de Campinas) e um DVD gravado.
Foi aí que eu e dois amigos formamos o grupo de rap "DMV3" - Daniel, Miguel e Vinícius.
O Vinícius, hoje conhecido como VNS, já estava estudando produção musical e fazia uns beats. O Daniel já rimava e eu estava começando a me arriscar nas rimas.
O tema do festival era direitos humanos. Estudamos bastante sobre nossos direitos e escrevemos uma música baseada nesses estudos.
No dia da apresentação, pegamos uma batida da internet e cantamos no palco da escola.
Quando começaram a anunciar os premiados, fiquei ansioso. Parabenizaram várias pessoas, distribuíram medalhas e achei que não iríamos ganhar nada.
Afinal, quem gostaria de um rap cheio de críticas ao sistema numa escola e num festival onde ninguém além de nós cantamos esse tipo de música? - era o que eu pensava.
Mas, para minha surpresa, fomos deixados para o final e acabamos sendo os campeões do festival.
Ganhamos muitos doces e tivemos direito a uma apresentação na Estação Cultura, mas o DVD, que era o que mais me motivava, não rolou.
Quando fomos para a Estação, o VNS preparou um beat e nos apresentamos naquele grande palco.
Esse é o registro 👇
Consegue saber quem sou eu?
Do beatbox a produção cultural
Evento Fim de Semana na Praça em 2017
Em 2016, comecei nas batalhas de rima, impulsionado pela minha habilidade de fazer beatbox.
Em várias batalhas, eu fazia beatbox do início ao fim, sem perder a energia.
Meu estilo de beatbox chamou atenção nas rodas de rimas, e sempre que eu aparecia, meu nome era garantido no beat.
Até hoje, quando faço beat ou rimo, a galera puxa o grito: "E OS BEAT DO MIGUEL?" e todo mundo responde: "MEUDEEEEEEEEEUS!!!!!!!!"
Seliga nesse vídeo de 7 anos atrás de eu com o cabelo curtinho fazendo beatbox na batalha do Fluxo Urbano
Depois do beatbox, comecei a rimar nas rodas, mas no começo eu era péssimo e a galera me zoava muito.
Porém, com muito treino, hoje sou muito bom na rima de improviso e até trabalho com isso.
Em 2017, me tornei produtor cultural, organizando eventos no meu bairro, Vila Padre Anchieta.
Desde então, organizo eventos de Hip-Hop e poesia, levando a cultura adiante.
Hoje componho músicas, faço oficinas sobre Hip-Hop, poesia e Rap, me apresento em eventos, organizo o Slam Voz e Arte e faço rimas e poesias pelas ruas.
Posso dizer que estou vivendo meu sonho, e o Hip-Hop é meu grande aliado.
Por isso, fiz uma tatuagem com "20:15" no começo da linha do tempo, representando o ano de 2015, quando comecei minha jornada, e "Sempre" do outro lado, significando que meu trabalho com o Hip-Hop vai além da minha morte, deixando um legado na minha região, no Brasil e no mundo.
O propósito de tudo isso
Evento Arte de Periferia em 2018
O segredo da felicidade é o seguinte: descobrir alguma coisa mais importante que você e dedicar sua vida a ela.
Não me esqueço de uma vez que fui me apresentar numa quebrada perto do meu bairro. O público não passava de 15 pessoas.
Uma senhora estava sentada na calçada ouvindo as apresentações e, quando terminei, ela me chamou e trouxe sua mãe, que estava dentro de casa.
Contou o quanto estava emocionada com o que cantei.
A senhora disse que estava lavando louça enquanto me ouvia e que uma música em especial tocou muito ela, porque falava de coisas que ela vive.
Enquanto ela me dizia isso, chorava.
Minha música atravessou paredes e alcançou quem precisava ouvir.
Isso me dá certeza de que o que faço tem um propósito maior, e é isso que me mantém motivado e feliz.
Agora pergunto pra você: o seu fazer tem propósito?
Resgate sua autenticidade 👁
"A semente leva tempo para se tornar uma árvore."
Esta frase ouvi em um workshop de Arte Visionária com a Tália Maçaira dentro da Escola do Fluxo.
Faz 10 anos que comecei a ouvir rap e a apreciar a cultura do Hip-Hop, e 9 anos que comecei a fazer rap.
Naquela época, eu não fazia ideia de onde estaria hoje, mas estava plantando uma semente que agora rende muitos frutos.
Hoje, também estou plantando muitas sementes valiosas para colher com o tempo.
Tem até um verso de uma música minha, que ainda não lancei, que diz:
"Estou colhendo o que planto e planto ao mesmo tempo pra lá na frente ter mais motivos pra se orgulhar"
É nóis que voa! 🦜
Momento Flow 🎤
Neste momento flow estou cantando com meu amigo Higor no violão.
O lugar onde estamos é na Casa de Cultura do Hip-Hop de Campinas que teve sua reabertura há pouco tempo.
Gravei esse vídeo logo depois do Slam Diáspora ter acontecido e eu ter chegado na final, mas fui vice-campeão.
De tudo e mais um pouco ✨
Batalha do VPA: Essa batalha foi fundada por mim em 2019 e esse vídeo foi uma parceria que o pessoal da Monstro Filmes fez, fazendo gravação e uma boa edição.
Eu batalhando: Só te contextualizando, Fiel era o meu vulgo artístico antigo e aqui sou eu batalhando contra o Félix, na Batalha do VPA.
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