O dia que mediei um conflito familiar

Caminho da Artenticidade #017

Você já sentiu que uma força maior utilizou de ti para entregar alguma mensagem para quem precisava?

Assim me senti em um dia que eu estava de carona numa viagem com uma família no carro: pai, mãe e filho.

Vou dar um nome para eles, que não são os reais, para melhor compor a história.

O pai é o José, a mãe é a Roberta e o filho é o Lucas.

No caminho estávamos em uma serra e o José estava dirigindo com muita pressa, ultrapassando os carros mesmo em linhas contínuas e eu estava sentindo a tensão no ar.

Teve um momento que disse pra ele: "Parece que você está com pressa. Se estiver, não precisa, vamos chegar de qualquer modo em casa. Nossas vidas são mais importantes, você pode ir mais devagar?".

Na hora que falei isso a Roberta, que estava no banco ao lado dele, se virou para mim levantando o dedão 👍 e sussurrando "isso aí, obrigada", quase como para ele não perceber que ela ficou feliz com minha fala.

Percebi então que ela e o Lucas estavam tensos com essa situação também, não era só eu.

Mas ele não acatou. Até que em um momento ele virou em uma curva com tanta velocidade e freando bruscamente ao mesmo tempo que deu um susto em todos nós.

Nessa hora o Lucas gritou "PAI, VAI MAIS DEVAGAR! QUER MATAR A GENTE?". 

Nisso o José reagiu com raiva dizendo "Eu sei o que estou fazendo, estou sendo responsável, relaxa!".

Então começou uma discussão generalizada entre os três.

A Roberta dizia que isso era comum acontecer nas viagens e que ele sempre era assim, não escutava ninguém, era cabeça dura, que sempre achava que sabia o que estava fazendo e não entendia o porque ele dirigia desse jeito. O Lucas também ficou reclamando dele.

A conversa começou a ficar muito pessoal. Ela começou a dizer sobre problemas do casamento e o José começou a discutir. Eles não paravam de se alfinetar e aumentar o tom.

Eu observando toda aquela cena vi uma oportunidade de colocar em jogo todo meu conhecimento sobre comunicação não-violenta.

Então disse para todos "posso mediar a conversa de vocês aqui, Roberta e José, com base na comunicação não-violenta?". Eles consentiram e assim fiz.

Dei espaço para que a Roberta falasse o que sente e ela disse um moooonte. O José faltava pular do banco de desconforto de tudo o que ela estava dizendo.

Tinha momentos que ele reagia com algum comentário e eu dizia que não era momento dele falar ainda, que precisava escutar atentamente ela.

Depois que ela disse tudo, perguntei o que ele entendeu do que ela disse e ele não soube dizer. Ele só se defendeu e queria provar que não estava errado.

Ao ver a dificuldade dele de conseguir traduzir os seus sentimentos e de verbalizar o que entendeu do que ela disse, perguntei como ele se sentia com todas as falas que ela fez sobre ele, mas ele não soube responder.

Percebi uma falta de repertório emocional, algo comum nos homens.

Pedi para ele falar tudo o que lhe vinha sobre essa situação e ele não conseguia elaborar muitas coisas, até que fiz perguntas mais abrangentes sobre como foi o início de sua relação com ela, de como era sua adolescência e coisas assim. Então ele conseguiu falar mais.

Quando ele terminou de dizer tudo, virei para ela e perguntei o que ela entendeu do que ele disse e ela pareceu também não ter escutado muito bem ele, pois o que ela disse ter entendido era na verdade todos os seus julgamentos sobre ele e de tudo o que ela achava errado do que ele falou.

No meio disso tudo o Lucas não estava se aguentando de desconforto ao ver os pais discutindo e fiquei tentando acolhê-lo na medida do possível.

Desfecho

A viagem durou cerca de 7 horas e umas 5 horas devem ter sido com essas discussões cheias de entendimento e de dores.

O interessante é que depois que José começou a falar mais, naturalmente ele deixou de correr com pressa e passou a dirigir com mais calma.

Isso me faz pensar que toda aquela pressa era na verdade uma forma de se distrair daquela tensão que já estava presente desde o momento que entrei no carro.

Dei um puxão de orelha neles com muito amor dizendo que um dos principais problemas era de que ninguém estava se escutando de verdade. 

Um reclamava do outro com hipocrisia, visto que estavam fazendo a mesma coisa da qual se queixavam.

No final eu agradeci pela abertura que me deram de mediar esse conflito e disse que minha intenção ali não era de resolver nada, apenas de levar a conversa de forma que nunca foi levada.

O ambiente estava mais leve e estava sentindo que Deus estava ali presente me fazendo de canal para levar o amor à essa família, pois o estado de consciência em que eu estava era de muita serenidade e compaixão, fazendo com que minhas falas fossem mais assertivas.

Moral da história

Refleti muito sobre como homens em sua maioria não têm uma alfabetização emocional, fazendo com que se expressem de maneira errônea e agressiva.

A escuta é tão importante quanto a fala dentro de uma relação, mas aquela escuta genuína, onde eu não estou querendo achar algum ponto de discordância para argumentar.

Escutar genuinamente e com empatia é testemunhar a vida que se expressa em sua frente.

Cultivar mais consciência sobre nossas emoções e sensações, para que assim possamos:

  1. Sentir

  2. Se expressar autenticamente.

Ao ter esse cultivo, nossas relações criam um potencial terapêutico e transformador.

Não tem nada melhor do que falar e ser escutado, então que sejamos nós primeiro a pessoa que escuta. Sejamos exemplos.

Qual sua responsabilidade naquilo que se queixa?

Você é o pivô de todas as coisas que acontecem em sua vida, a comunicação é a ponte.

Espero que essa newsletter tenha ressoado em ti.

É nóis que voa! 🦜

De tudo um pouco ✨

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