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Síndrome do Pânico: Relatos de uma criança.
Caminho da Artenticidade - Edição #001
Miguelzinho
"MÃE, SOCORRO, EU TÔ MORRENDO!" — Era o que eu, aos 6 anos de idade, estava dizendo um dia após tentar virar um Super Saiyajin.
Desde cedo tive contato com a síndrome do pânico, uma experiência desafiadora que não desejo para ninguém, mas aprendi muito com isso.
Meu primeiro contato
Quando Tentar Virar um Super Saiyajin me fez ter Síndrome do Pânico
Antes deixa eu te contextualizar um pouco.
Na época eu compartilhava quarto com o meu irmão Gabriel e no quarto do meu outro irmão, o Felipe, tinha o único computador que usávamos, ainda em internet discada, se não me engano.
Eu tinha uma imaginação super fértil.
Pra você ter ideia, eu tinha assistido Peter Pan, sonhei que voava e aquele sonho foi tão real que acreditei fortemente que eu podia voar.
Depois saí correndo pela calçada do meu vizinho, pulei, abri os braços e com toda confiança do mundo me entreguei ao voo, mas o que encontrei foi um chão de concreto.
Voltei pra casa chorando, olhei pro espelho e lá estava meu nariz parecendo uma batata vermelha cheia de ranho.
A primeira crise
Estava eu e o Gabriel assistindo Dragon Ball e ele me incentivou a virar um Super Saiyajin.
Essa imaginação fértil foi o que me permitiu acreditar fortemente que eu poderia me transformar em um.
Então me lembro de subir na cama do Felipe fazendo aquela pose clássica do Goku enquanto se transformava, pulava da cama pro chão gritando e fazendo uma força descomunal dentro do meu ser.
Não sei explicar ao certo como é feita essa força interior, mas parecia cada vez mais palpável a possibilidade de eu me transformar profundamente.
Cheguei até a acreditar que vi uma faísca passando em frente aos meus olhos.
O meu irmão, criativo e doido que era, também me incentivava, dava força, energia e vibrava junto comigo pra eu virar um Super Saiyajin.
Essa força interna hoje sinto que acontece na região do meu Plexo Solar.
Consigo ativar essa energia de forma consciente desde sempre, mas nunca vi alguém que consiga fazer essa ativação também. A única pessoa que sei que faz a mesma coisa é o Gabriel, meu irmão.
Quando ativamos essa energia, o corpo inteiro esquenta, o coração acelera, a pupila dilata, a mão começa a suar.
Então estava eu lá fazendo o máximo de ativação que eu conseguia do meu peito, gritando e sentindo que eu estava cada vez mais perto de me tornar um Saiyajin.
Até que o momento chegou, aquela sensação que eu tinha de que ia chegar se tornou real, só que ao invés de eu me tornar um Super Saiyajin, meu coração começou a bater de forma diferente e uma sensação muito forte me acometeu.
O mundo ao meu redor se desvaneceu, eu não via mais as coisas como eram, tudo estava estranho, eu me assustei profundamente com o que tinha acontecido.
Sentia dor no peito e chorava copiosamente.
Fui falar pra minha mãe o que tinha acontecido comigo e ao escutar "É que eu tava tentando virar um Super Saiyajin" perdi todos os créditos 😢
O meu irmão me olhava dando risada, mas ao mesmo tempo que ele tirava sarro da minha cara eu sentia segurança perto dele, porque ao falar que meu peito estava doendo ele colocava uma mão nas minhas costas e outra no meu peito e fazia pressão com as duas, o que me fazia sentir que eu não morreria.
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